segunda-feira, 2 de julho de 2018

PERGUNTA: - Existe a crença de que os eguns não reencarnam. Como ficam, diante das leis universais, os atos de magia negativa que desconsideram a relação de causa e efeito e as consequências geradas para futuras encarnações?

RAMATIS: - Obviamente os que agem com fé verdadeira e desconhecem as verdades cósmicas, apresentam atenuantes em comparação com os que sorrateiramente vilipendiam as leis universais. No contexto atual o conhecimento das reencarnações sucessivas "mora ao lado", ali no terreiro de umbanda e no centro espírita.
O estado do espírito no Astral no que se refere à graduação do "peso” específico de seu corpo astral que por sua vez, determina a faixa vibratória de sua localização no Além não depende de crença cega, dogmas de culto e religiões temporais.
É certo que a oferta regular de alimentos e oferendas com animais mortos aos ditos familiares (eguns), imanta-os na crosta junto aos "vivos" sequiosos de seus serviços.
As definições de como se darão as futuras reencarnações são decorrentes dos atos presentes, que estão tecendo constantemente a rede de causalidade, a qual por sua vez, determinará os sofrimentos e as alegrias futuras. Em verdade a descrença dogmática na reencarnação como aquela que diz que os espíritos familiares e ancestrais sempre habitarão o mundo dos eguns para fazer favores à parentela carnal, libera os adeptos para as práticas mágicas em proveito próprio pelo fato de desacreditarem o merecimento e livre-arbítrio individual das outras criaturas, levando-os a não se preocuparem com as sérias consequências cármicas vindouras. Entendem que não distorcem algo que não existe, interpretação equivocada pelo fato de o conhecimento estar à disposição, faltando tão-somente olhos para ver e ouvidos para escutar.



Observações do médium:

Tendo a oportunidade de trabalhar como médium e dirigente em um grupo de apometria [2] numa casa de umbanda corrente de cura e desobsessão do Caboclo Pena Branca, foi inevitável com o tempo, presenciarmos diversificada casuística com os mais variados relatos de desequilíbrios anímicos e mediúnicos, agravados por atos de magia negativa que contrariam a leis cósmicas de equilíbrio universal e que se perpetuam entre as encarnações sucessivas, retendo os seres no ciclo carnal.
Recentemente uma consulente apresentava terrível dor de cabeça, queda de cabelos e dificuldade para dormir. Estava quase enlouquecendo e toda vez que estava prestes a dormir se via desdobrada, enterrada num buraco com terra fétida entre andrajos malcheirosos. Envolvido pela irradiação magnética de Vovó Maria Conga que atua em meu chacra frontal, ocasiões em que se abre para mim a clarividência, enxerguei a atendida como uma sacerdotisa de um clã tribal da antiga África. Ela estava deitada, morta, como objeto de um ritual de assentamento de egum. Na condição de ex-sacerdotisa da tribo, "não precisaria mais reencarnar", devendo ficar para sempre no mundo dos mortos, assistindo os vivos, seus eternos filhos-de-santo.
Sua cabeça fora encharcada com sangue de um animal de quatro patas sacrificado e depois amarrada com um pano, especialmente trabalhado para não apodrecer em contato com a terra, numa espécie de mumificação. Junto ao sepulcro, em rito para a imantação do corpo astral do defunto na contraparte etérica do espaço físico onde habitava a tribo, foi enterrada também a pedra mineral de seu orixá regente de cabeça e demais materiais consagrados por anos de atos litúrgicos, inclusive a "faca" mortal e os vasilhames onde se recolhiam o sangue e as vísceras utilizados nas oferendas pessoais da ex-sacerdotisa, bem como todos os demais amuletos, guias e talismãs.
Como a Lei vale para todos, com a desintegração da tribo pelo comércio de escravos não se alimentaram mais os eguns com os eflúvios etéricos das comidas, dos pedaços de animais e do sangue votivos. Inevitavelmente a ex-sacerdotisa teve de reencarnar e, nos dias de hoje vê-se em faixa de ressonância vibratória do passado, pelo fato de estar na mesma idade cronológica em que aconteceu no passado sua iniciação no rito ancestral de egum, o que lhe causa as perturbações no presente. Foram desfeitos no plano astral os campos de força que estavam vibrando e retendo uma comunidade de espíritos dementados, desnutridos e extremamente hipnotizados nos objetos dos antigos orixás, liberando-os para atendimento no hospital da Metrópole do Grande Coração [3] complexo astral da linha do Oriente que nos assiste na corrente de cura e desobsessão do Senhor Pena Branca. A consulente nunca mais sentiu dor de cabeça e continua exercitando normalmente sua mediunidade na umbanda sem necessidade de ritos ou oferendas que requeiram ceifar a vida de um animal.
É interessante observar que muitos dos espíritos atendidos só aceitaram o socorro de entidades paramentadas como sacerdotes tribais das nações do pretérito, o que demonstra que a diversidade da umbanda ampara igualando no amor universal todos o seres na dimensão suprafísica ficando os preconceitos e as posturas refratárias exclusivamente como responsabilidade dos homens e das religiões e doutrinas sectárias.

[2] Técnica de desdobramento anímico-mediúnica desenvolvida por dr. Lacerda de Azevedo. Informações no livro Espírito Matéria, editado pela Casa do Jardim.

[3] Maiores informações no capítulo "A Metrópole do Grande Coração", da obra A Vida Além da Sepultura, de Ramatís, psicografia de Hercílio Mães, publicadas pela EDITORA DO CONHECIMENTO.


(Origem: “A Missão Da Umbanda” Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento)