PERGUNTA: E quanto às denominadas "brigas de santo"? Já escutamos histórias de quizilas em que dois "orixás" estariam brigando ferrenhamente pela cabeça do médium. Há inclusive casos de desmaios, em que o "orixá" toma conta do corpo mostrando sua força, o que muito envaidece os médiuns pela incorporação forte. Quais vossas elucidações quanto ao tema que leva muitos irmãos "umbandistas" a procurar locais assim para "assentar" seus "santos"?
RAMATIS: - Sem dúvida a cada um é dado conforme sua capacidade de compreensão e consciência da espiritualidade. Guias, protetores ou entidades benfeitoras da umbanda jamais brigam [4] entre si pela posse de um médium. A expressão mediúnica é um acontecimento natural que depende da anterioridade do espírito em outras encarnações e do fortalecimento dos laços morais para o auxílio ao próximo, no sentido de propiciar o natural enlaçamento vibratório entre entidade e aparelho para a caridade.
Por outro prisma, verdadeiramente existem sérias disputas pelo corpo físico de certos sensitivos que serão fornecedores de fluidos, sensações e gozos para o além-túmulo, verdadeiros repastos vivos do "lado de cá", simulacro de divinização, como se o veículo denso humanizado fosse um templo sagrado que abrigará o "orixá". Assim enxameiam entidades vaidosas, concupiscentes e sedentas de vitalidade animal, perdidas em ritos iniciáticos tribais do passado remoto, empurrando-se em torno do chacra coronário com o intuito de se apoderarem da glândula pineal do médium (sede da mediunidade) e fazerem dele seu escravo, intento que se concretiza com a raspagem do cabelo e a colocação de sangue quente jorrado do animal imolado direto na incisão feita no alto da cabeça.
[4] A pretensa "briga de orixás" é mais uma das grandes confusões que geram graves distorções entre o corpo mediúnico de um terreiro. Não é raro que determinada pessoa vá pela primeira vez a um terreiro e, seguindo orientação de uma "entidade incorporada", já na sessão
seguinte, participe dos trabalhos mediúnicos. Na maioria desses casos a pessoa não é médium então o "pai-de-santo" faz de tudo para colocar na cabeça da pessoa um "orixá", que é claro, não existe. Surgem então as dificuldades para "incorporar" aquilo que ele não tem. Depois vem a desculpa de que os "orixás" estão brigando pela "valiosa" cabeça do filho.
O "pai-de-santo" determina que sejam feitas obrigações com comidas e sangue, boris e outras sandices que vão carrear larvas astrais, provocando problemas de saúde e desestruturando a vida da pessoa. Existe também a incongruente "disputa" entre os "orixás" e dizem que os "xangôs" não baixam no reino quando "ogum" está, e vice-versa. Na verdade, a briga é dos médiuns que deixam seu inconsciente aflorar de forma desordenada e põem para fora as diferenças com outros membros da corrente mediúnica.
Por tudo que o leitor já viu, fica fácil entender que essas confusões são completamente alheias à verdadeira umbanda. Nem todos são médiuns, tampouco podemos classificar qualquer terreiro como de umbanda. "Briga de orixás", Umbanda, um Ensaio de Ecletismo, de Diamantino F. Trindade, publicação da Editora Ícone, p. 185,1994.
[4] A pretensa "briga de orixás" é mais uma das grandes confusões que geram graves distorções entre o corpo mediúnico de um terreiro. Não é raro que determinada pessoa vá pela primeira vez a um terreiro e, seguindo orientação de uma "entidade incorporada", já na sessão
seguinte, participe dos trabalhos mediúnicos. Na maioria desses casos a pessoa não é médium então o "pai-de-santo" faz de tudo para colocar na cabeça da pessoa um "orixá", que é claro, não existe. Surgem então as dificuldades para "incorporar" aquilo que ele não tem. Depois vem a desculpa de que os "orixás" estão brigando pela "valiosa" cabeça do filho.
O "pai-de-santo" determina que sejam feitas obrigações com comidas e sangue, boris e outras sandices que vão carrear larvas astrais, provocando problemas de saúde e desestruturando a vida da pessoa. Existe também a incongruente "disputa" entre os "orixás" e dizem que os "xangôs" não baixam no reino quando "ogum" está, e vice-versa. Na verdade, a briga é dos médiuns que deixam seu inconsciente aflorar de forma desordenada e põem para fora as diferenças com outros membros da corrente mediúnica.
Por tudo que o leitor já viu, fica fácil entender que essas confusões são completamente alheias à verdadeira umbanda. Nem todos são médiuns, tampouco podemos classificar qualquer terreiro como de umbanda. "Briga de orixás", Umbanda, um Ensaio de Ecletismo, de Diamantino F. Trindade, publicação da Editora Ícone, p. 185,1994.
Observações do médium:
Há tempos presenciei a convulsão de uma consulente em plena sessão de caridade, durante o passe. Foi marcado um atendimento em dia específico. Era uma bonita jovem de 24 anos que desde os 19 sofria desmaios convulsivos não explicados pela medicina, cada vez mais recorrentes e acompanhados por outra expressão de seu psiquismo: adquiria voz gutural e contorno psicológico dominador e violento, dançando e exigindo sacrifício de animal de quatro patas. Em diversas ocasiões do surto sonambúlico, raspou a cabeça e fez retalhos nos braços com gilete, deixando o sangue esvair-se num aparente processo de autoflagelação, exigindo que a deitassem para o "santo". Essa irmã, católica e sem nenhum parente praticante de ritos afro-brasileiros, procurou a umbanda por sua livre vontade, seguindo seu próprio discernimento, embora muito perturbada e enfraquecida. Na frente do congá manifestou-se uma entidade mentalmente fixa nos rituais da África antiga, que fora iniciada com o sacrifício de um bode. Muito alta, careca e musculosa, de sexualidade indefinida, feições e crânio marcados com pequenos círculos feitos com uma espécie de tinta, exigiu que a moça "fizesse" o "santo", fixando-se (ele, o espírito) na cabeça da atendida para que se tornasse proprietário de seu corpo físico, afirmando que com isso tudo melhoraria para a encarnada, que precisava urgentemente daquilo. Ato contínuo, Vovó Maria Conga, preta. velha que nos dá cobertura, conversou com a entidade dizendo que os tempos eram outros; tempos para se praticar o Evangelho e propagar o amor do Cristo, e que ele precisava compreender essa mudança, pois o livre-arbítrio da filha impunha outro caminho, de reequilíbrio, por seu esforço individual e pela vontade expressa de servir o próximo na caridade umbandista, em nome de Jesus. Imediatamente, também enxerguei pela clarividência dois enormes, esbeltos e bonitos negros entrarem no templo. Estavam paramentados com vestuário sacerdotal da antiga África; seguraram a entidade perturbada e perdida no passado remoto pelos braços, dizendo que iriam levá-la a um local no Astral, afim com seu merecimento e onde .ela seria instruída e iniciada em culto ancestral de sua nação familiar, peculiar à sua encarnação como ex-sacerdote. Posteriormente, seria conduzida a outro local físico para ser assentada com um aparelho mediúnico em correspondência vibratória justa com o momento evolutivo de ambos, encarnado e desencarnado. Do contrário, o espírito em questão continuaria enlouquecido na crosta, obsediando outros sensitivos deseducados. Logo após essa ocorrência, manifestaram-se vários espíritos hipnotizados com a cena do sacrifício animal, que era constantemente plasmada pela força mental da entidade encaminhada, o que os atraiu por afinidade, gerando um bolsão de sofredores do Umbral, presos à consulente.
A partir de então, a atendida nunca mais teve nenhum transe convulsivo e está perfeitamente integrada à sua mediunidade, na umbanda. Por último, Vovó Maria Conga informou que o encaminhamento da entidade desencarnada a outro culto não ocorreu por iniciativa dos benfeitores da umbanda, e sim pelos zeladores dela, o que foi consentido simplesmente por respeito ao livre-arbítrio do encaminhado, que prontamente aceitou ir ao Astral encontrar-se com sua "família-de-santo", comunidade ritualisticamente afim com seu entendimento espiritual e momento evolutivo cármico.
É interessante comentar que a entrada dos sacerdotes visitantes no templo no Astral ocorreu a pedido deles, o que foi autorizado pelos guias, com o devido acompanhamento dos exus guardiões que dão cobertura ao grupo e a esse tipo de trabalho caritativo.
(Origem: “A Missão Da Umbanda” Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento)