É muito comum que as religiões estabeleçam seus próprios símbolos, estes, essencialmente, são criados com o objetivo de relacionar a humanidade com a espiritualidade e seus valores morais. Muitas delas possuem narrativas, tradições, simbolismos e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do universo.
Entende-se por simbolismo religioso todo, e qualquer, uso de símbolos, incluindo arquétipos, atos, trabalhos artísticos, eventos, ou fenômenos naturais, por uma religião. A maioria das doutrinas visualizam textos, rituais e obras de arte como símbolos de ideias convincentes ou ideais.
O uso de símbolos religiosos exprime os valores morais da sociedade, os ensinamentos da religião, cria um sentimento de solidariedade entre os seguidores e funciona como uma forma de aproximação do adepto com o seu deus ou deuses.
Os principais símbolos e seus respectivos significados são:
Cruz (Cristianismo)
Antes de Cristo, símbolos semelhantes já apareciam em culturas pagãs. No início do século IV, o imperador romamo Constantino aboliu as condenações na cruz e o símbolo foi adotado pelo cristianismo. Além de representar a morte de Cristo, a cruz simboliza Deus, Jesus e o Espírito Santo (Santíssima Trindade), nas pontas superior, inferior e nas laterais, respectivamente.
A forma da cruz muda de acordo com a tradição – latina, grega, de Santo Antão, cópta, etc -. Porém algumas culturas ligam o símbolo a formas de adoração do paganismo, e não de fé ao cristianismo, que por sua vez não é o catolicismo.
Estrela de Davi (Judaísmo)
O maior símbolo do Judaísmo é formado por duas pirâmides – uma apontando para cima e a outra invertida- representando a união ou equilíbrio entre o céu e a terra. Segundo a literatura, Davi, rei de Israel, mandava gravar o símbolo nos escudos de seu exército como amuleto de proteção.
Não se sabe, precisamente, quando este símbolo foi gerado, no entanto temos conhecimento que o mesmo foi geometricamente construído em forma de estrela com duas letras Dálet, que compunham o nome David (entrelaçando-as, e girando uma das letras em 180 º, para que seu vértice se colocasse para baixo). Mais tarde, a estrela de davi tornou-se símbolo da nação israelita e do povo judeu, estando presente na bandeira de Israel.
Lua crescente com estrela (Islamismo)
O símbolo admite diversas interpretações: casamento da lua com a Estrela D’ Alva (fenômeno da natureza que ocorre no mês de outubro com a ‘aproximação’ dos dois astros); como também é o símbolo do Islã. Tal representação pode ser observado, em branco, na bandeira vermelha da Turquia – nesse país cerca de 99% das pessoas têm o islamismo como religião.
Antes do islamismo, supõem estudiosos, árabes nômades cultuavam a Lua por viajarem à noite. Quando o símbolo foi adotado na bandeira do império turco-otomano ganhou a identificação com os muçulmanos. Ainda assim, alguns fiéis mais radicais negam a utilização de qualquer símbolo para representar a fé islâmica.
OM (Hinduísmo)
O Om ou Aum (“aquilo que protege”) é, além do símbolo do Hinduísmo, o principal mantra da tradição religiosa. Assim como muitos outros poemas religiosos, este também está presente no Budismo e no Jainismo e representa o trimurti, isto é, o conjunto formado pelas três principais divindades hindus: Brahma, o criador do universo; Vishnu, o reformador; e Shiva, o destruidor (ou transformador).
Os mantras são palavras, poemas ou textos entoados durante a meditação para auxiliar na concentração e invocar divindades. Sua forma é semelhante a de um número três e, como todos os outros, funciona como uma espécie de oração.
Suástica (Jainismo)
Este símbolo, que também aparece no hinduísmo e no budismo, na teoria é um desenho com quatro letras gregas gama (G). Normalmente é utilizado para representar conceitos da natureza relacionados ao número quatro, como por exemplo os quatro ventos, os quatro pontos cardeais e as quatro estações. Apesar de sua imagem estar diretamente ligada ao Regime Nazista de Adolf Hitler, a suástica esteve presente em muitas culturas milenares, sendo representada por meio de diversas formas gráficas.
A palavra ‘suástica’ é originária do sânscrito e significa “aquilo que traz boa sorte”. A sua raiz, “Svas”, quer dizer bondade. No século XX, o nazismo popularizou o símbolo que, mais tarde, passou a ser associado a algo negativo.
Dharmacakra (Budismo)
O Dharmacakra ou Roda do Dharma, na sua forma mais simples, é reconhecido como um símbolo budista. Embora muitos dos adeptos não considerem o budismo como religião, a filosofia também carrega algumas marcas características. O círculo de onde partem oito raios é conhecido também como roda da doutrina ou da lei, que por sua vez são os ensinamentos de Buda para que se alcance a iluminação, entre eles o nobre caminho óctuplo, com oito vias que levam ao fim do sofrimento.
Cada um dos braços representa cada uma das oito práticas do ‘nobre caminho’: compreensão correta, pensamento correto, fala correta, ação correta, meio de vida correto, atenção correta, sabedoria correta e visão correta. O símbolo aparece na bandeira da Índia, sendo que no pavilhão são muitos os raios.
Yin-Yang (Taoismo)
Yin e Yang são os dois princípios cósmicos primários do universo, segundo a filosofia tradicional chinesa. Yin (do Mandarin, lua) é o princípio passivo, feminino. Yang (do Mandarin, sol) é o principio ativo, masculino. Ainda de acordo com a lenda, o imperador chinês Fu Hsi afirmou que o melhor estado para tudo no universo é o estado de harmonia representado pelo equilibrio entre as forças de yin e yang.
Foi estudando as sombras projetadas pelo movimento do Sol que os chineses montaram o ‘infográfico’ indicando a duração de dias e noites ao longo do ano. Esse equilíbrio, fundamental para a prática agrícola, passou a representar a importância dos opostos e a presença de ‘um dentro do outro’.
KHANDA (Sikhismo)
O símbolo é resultado da junção de quatro armas: a espada de dois gumes no centro do círculo simbolizando o Deus único, cuja infinitude e perfeição é representada pela circunferência; a espada da esquerda que se refere ao poder espiritual cruzando o poder político, esse representado pela espada à direita.
O significado político, raro em símbolos religiosos, é resultado das perseguições sofridas pelos sikhs ao longo da sua história.
Estrela de nove pontas (Fé Bahá’í)
O número 9 é considerado sagrado na Fé Bahá’í, representa perfeição – pois é o maior dígito – e também é o valor numérico da palavra Bahá em Árabe, onde é possível utilizar letras e numerais ao mesmo tempo nas palavras. Por outro lado simboliza as nove religiões divinamente reveladas: sabeísmo, hinduísmo, budismo, zoroastrismo, judaísmo, cristianismo, islamismo, fé babí, e fé bahá’í.
A estrela de nove pontas não possui apenas um significado simbólico. Essa religião persa, fundada em 1844, prega que as lideranças religiosas ao longo dos séculos, como Maomé e Jesus, são enviados de um mesmo Deus. Tal premissa justifica o fato da doutrina elenca nove religiões – representadas pelas pontas.
A despeito do símbolo sagrado do número 9, considerado pelos bahá’ís e nos escritos sagrados, a estrela de 5 pontas – o ser humano – é a que representa esta fé, conforme afirma Shoghi Effendi e explica o Bád.
Flor de Lótus (Ayyavazhi)
Fundada no século XIX, a religião indiana Ayyavazhi tem como principal símbolo a flor de lótus. O símbolo está presente no Sahasrara (também chamado de chacra da coroa), o sétimo e mais importante dos chacras que situa-se no alto da cabeça da pessoa e se relaciona com o padrão de energia global da mesma.
Esse chacra é originado na tradição hindu mas, assim como diversos outros elementos do hinduísmo, foi assimilado por outras religiões. No alto da flor está o Namam (ou Thirunamam), também presente no Sahasrara.
Hexagrama (Ocultismo)
É um dos símbolos mais malignos e poderosos da feitiçaria. Usado para conjurar demônios a esta dimensão, para estabelecer comunicação com os mortos, para descrever o ato sexual e para representar deuses, como Brahma, Vishnu e Shiva.
É formado da união de um triângulo da água com o triângulo do fogo, formando a estrela de seis pontas, também conhecida como Selo de Salomão. Esse símbolo é semelhante a Estrela de Davi, a diferença é que os dois triângulos ocultista estão entrelaçados, enquanto que, no símbolo israelita, um triângulo sobrepõe o outro.
Pentagrama (Wicca)
O pentagrama é um dos símbolos mais importantes e característico da religião neo-pagã Wicca.
Também conhecido como ‘o símbolo do infinito’, pois é possível inserir infinitos pentagramas no pentagrama maior, o símbolo está presente em rituais e cerimônias Wicca. Além de ter sido adotado como representação de uma das principais divindades da religião.
Baphomet (Templários/Maçonaria)
Mais conhecida por sua relação com a maçonaria e os templários, Baphomet ou Bafomé é uma soma de vários conceitos mágico-místicos. A imagem é uma das mais fortes no universo ocultista. Segundo teóricos, o símbolo do Baphomet é fálico, haja vista que em uma de suas míticas representações há a presença do falo devidamente inserido em um vaso (símbolo da vulva). Algumas pessoas o vêem como um demônio, ou o próprio Lúcifer.
A representação do Baphomet de Eliphas Levi possui seios femininos e o pênis é metaforicamente representado por um Caduceu. Este tipo de simbologia sexual aparece com frequência na alquimia (coito do rei com a rainha), com a qual o ocultismo tem relação.
A figura do Baphomet também é relacionada às virgens que apresentavam anomalias em seus bustos. Virgens com três mamilos e as de apenas um seio eram tatuadas com a cabeça do Bafomé para que nenhum homem a tocasse. Diziam que tais mulheres eram amaldiçoadas.
Faravahar (Zorastrismo)
O Faravahar ou Ferohar é um dos símbolos mais importantes do Zoroastrismo, religião monoteísta fundada na Pérsia pelo profeta Zaratustra (ou Zoroastres). Formado por uma asa com um círculo no centro, no mesmo encontra-se uma figura humana.
O Ferohar representa a alma dos seres humanos antes do nascimento e depois da morte, ou seja, a alma humana das pessoas enquanto estas não estão vivas. Outro símbolo importante no Zoroastrismo é o elemento do fogo.
Torii (Xintoísmo)
O Torii, símbolo do Xintoísmo, é um portal composto por duas barras verticais com uma horizontal no topo (chamada de Kasagi), geralmente mais largo que a distância entre as duas bases. Sob o kasagi está o nuki, outra trave horizontal que liga os postes. Sua presença anuncia que há um santuário xintoísta por perto.
Atualmente, o Torii é considerado um dos mais importantes símbolos da tradição japonesa. Simboliza, essencialmente, a separação entre o mundo dos homens e o dos kami.