sábado, 14 de setembro de 2019

Jarê

Jarê[1] é uma religião de matriz africana, mais especificamente um candomblé de caboclo, que existe exclusivamente em cidades do Parque Nacional da Chapada Diamantina, notadamente em Iraquara, Lençóis, Mucugê, Palmeiras, dentre outras que também fazem parte do mesmo território. Uma de suas principais particularidades é o grande sincretismo religioso, com influência do catolicismo, da umbanda e do espiritismo kardecista. Pode ser considerado um amálgama das nações bantu e nagô, as quais se uniram o culto aos caboclos.
As origens do culto ocorreram em meados do século XIX e estão ligadas ao período da mineração, sendo muito praticado pelos garimpeiros. A reconstrução da história das nagôs e do surgimento do jarê depende em grande parte dos relatos da história oral, já que por muitas vezes essa religião de matriz africana era confrontada pelos poderes constituídos, sofrendo perseguições policiais brutais e cerceamento por parte da Igreja Católica. Não é possível garantir que o atual declínio do número de casas de culto de jarê se deve a esses fatores, no que pesem também as transformações socioeconômicas pelas quais a região passou e que afetaram diversas de suas esferas. É, contudo incontestável que num passado até bastante recente as casas de culto na sede de uma única cidade como Lençóis podiam ser contadas às dezenas, enquanto hoje deve existir aí menos da metade dessa quantidade, diversas delas construções deslocadas alguns quilômetros do centro do município.
Com todas as dificuldades encontradas para manter essa Religião viva, ainda podemos presenciar inúmeros terreiros de Jarê na Chapada Diamantina, se fizermos um giro pelas cidades da Chapada podemos comprovar que muitos adeptos dessa Religião continuam a pratica-la.