segunda-feira, 13 de maio de 2019

Expurgo de fluídos psíquicos do perispírito

Embora a tradição católica tenha criado a idéia de um inferno incompatível com a bondade de Deus, mais tarde os próprios autores dessa lenda religiosa amenizaram a punição infernal, criando um purgatório, ou seja, uma estação de fogo expiatório, entre o céu e o inferno. Conforme explicam os dogmas católicos, os pecadores lançados no inferno jamais se livrarão do fogo eterno, enquanto os condenados às chamas do purgatório são mais felizes, pois gozam de "sursis" concedido por Jesus, depois dos insistentes pedidos e apelos de Nossa Senhora, ou então, se libertam mediante o número de missas rezadas na Terra pelos sacerdotes católicos. Enquanto não há nenhuma possibilidade de fuga ou de perdão para o pecador condenado ao fogaréu infernal, as almas do purgatório terminam alcançando o céu assim que cumprirem as penalidades de suas sentenças ou se beneficiarem pela recomendação oficial do Clero do mundo terreno.

Embora a mente fantasiosa dos sacerdotes ou líderes católicos considere o inferno e o purgatório locais adrede preparados para as almas dos homens expiarem os seus pecados do mundo, ambos os casos simbolizam as situações e os efeitos que o homem vive em si mesmo depois de pecar, ante a necessidade de expelir para a carne os resíduos psíquicos venenosos, que acumulou no seu perispírito.
Nessa vertência cruciante de venenos para a matéria, que os hindus chamam a "queima do carma", a dor atroz escalda a carne e a febre ardente incendeia o sangue, criando na mente humana a idéia do purgatório ou do inferno, cujo fogo corresponde ao estado de comburência psíquica durante a purificação perispiritual. Em conseqüência, o espírito já vive na Terra o seu purgatório, cujo fogo pungente queima-lhe a carne no alastramento da doença, seja o câncer, a morféia, a tuberculose ou o "pênfigo selvagem" provenientes da drenação incessante dos tóxicos nocivos à estrutura da sua personalidade espiritual.
No entanto, há certa equivalência na concepção do purgatório católico, pois, na realidade, o homem que não consegue eliminar toda a carga fluídica deletéria do seu perispírito através do corpo físico, as vezes precisa aceitar o recurso extremo de purgar o saldo pernicioso nos charcos ou pântanos saneadores. de absorvência drástica, que existem no Além-túmulo.
Quando o espírito não consegue expurgar todo o conteúdo venenoso do seu perispírito numa só existência física, ele desperta no Além sobrecarregado de magnetismo primário, denso e hostil._Em tal caso, devido à própria "lei dos pesos específicos", ele cai nas zonas astralinas pantanosas, ou seja, no reservatório oculto das forças instintivas responsáveis pela vida animal.
Depois de atraído para esses pântanos do astral inferior, onde predominam em continua ebulição as energias primárias criadoras do corpo animal, ele é submetido à terapêutica obrigatória de purgação no lodo absorvente, embora tal processo lhes seja incômodo, doloroso e repugnante. Sob esse tratamento cáustico da lama astralina absorvente, eles se libertam, pouco a pouco, das excrescências, nódoas, venenos e das "crostas fluídicas" que nasceram no seu tecido perispiritual por efeito dos seus atos pecaminosos vividos na matéria. Embora sofram muitíssimo nos charcos astralinos, isso os alivia da carga mefítica acumulada na Terra, assim como o seu psiquismo enfermo, depois de chicoteado pela dor cruciante, desperta e corrige-se para viver existências futuras mais educativas ou menos animalizadas.
Tanto a Terra quanto o mundo astral que a rodeia e a interpenetra por todos os poros, são palcos de redenção espiritual para os espíritos enfermos livrarem-se dos detritos mórbidos produzidos pelas suas imprudências pecaminosas. Os charcos do astral inferior lembram os recursos de que se servem alguns institutos de beleza, na Terra, quando também usam a lama terapêutica para limpar a pele das mulheres e remover-lhes certas nódoas ou manchas antiestéticas. Há, também, certa analogia desses pântanos astralinos com a natureza absorvente de um tipo de barro e de areia terrena, que habitualmente são usados no processo de imersão dos enfermos para o tratamento do reumatismo. 4


4 - Nota do Revisor: Ramatís provavelmente refere-se às "areias monazíticas" que se acumulam prodigamente nas orlas marítimas do Espírito Santo e realmente têm curado inúmeras enfermidades de natureza reumática.


A verdade é que o homem é o autor exclusivo de sua glória ou desdita. O céu e o inferno não passam de suas criações íntimas e de acordo com o seu próprio comportamento espiritual. Mas o pecador pode ressarcir-se rapidamente dos pecados de sua vida atual ou pregressa, desde que se devote, em definitivo, à prática das virtudes recomendadas por Jesus, as quais dispensam o uso das energias animais adversas e livram o espírito das purgações dolorosas que se fazem através do corpo de carne ou nos charcos corretivos do Além-túmulo.
Dai o motivo por que o Evangelho ainda é o compêndio de terapêutica mais certa para o espírito encarnado recuperar a saúde espiritual, uma vez que Jesus, o seu autor, além do mais sábio dos homens e o mais digno instrutor moral da humanidade terrena, foi, também, o Médico inconfundível das enfermidades do espírito.


Ramatís - Mediunidade de Cura