Animismo e mistificação são aspectos da mediunidade que são facilmente confundidos quando estudados ou mesmo vividos, apesar de animismo significar interferência na mediunidade. Mesmo assim precisamos separar o joio do trigo, para que médiuns de boa índole não sejam confundidos com outros, digamos, não tão sérios e responsáveis.
Animismo vem do latim, anima e significa alma, e é na alma que o homem guarda todas as informações já vividas anteriormente. A mente humana é um grande arquivo e este arquivo pode ser aberto a qualquer momento pelo médium, inclusive quando estiver incorporado. Quando trabalhamos com a mediunidade, mexemos com camadas profundas da mente que normalmente não utilizamos no cotidiano e isso precisa ser esclarecido.
O animismo, felizmente, ocorre apenas numa pequena parcela da mediunidade, menos de 10%, e é ele quem dá o colorido a mensagem que o guia está transmitindo quando incorporado, pois na incorporação, invariavelmente, existem aspectos da psique do médium. Isso, sem dúvidas caracteriza interferência do médium no fenômeno da incorporação, porem, não significa que ele esteja mistificando, pois uma mensagem poderá ser transmitida de várias formas sem que perca a sua essência, verdade e objetivo.
Agora, quando o animismo abrange os 100% da "incorporação, ai sim, temos um sério problema. Neste caso, não é o guia quem exprime suas verdades e vontades, pois se quer ele está ali incorporado naquele instante, mas sim o médium é quem está mistificando, usando de uma suposta mediunidade para expressar as suas necessidades e tirar algum tipo de proveito com isso, se fazendo passar por um caboclo, preto velho, exú etc. Isso é mistificação. Na verdade, qualquer incorporação que não exprima somente a mensagem do guia, imperando a do médium, pode ser considerada uma mistificação. O que é permitido e normal na incorporação são nuances da personalidade do médium, pois estas estão incutidas no seu próprio espírito assim como no seu subconsciente material.
A mistificação é bem mais comum do que se possa imaginar, basta vermos quantos médiuns que em nome da Umbanda e dos orixás cobram consultas e trabalhos. Umbanda não cobra por qualquer tipo de trabalho ou mesmo por consultas, pois trabalho na Umbanda é sinônimo de caridade e eu, não conheço caridade que possa ser cobrada, pois do contrário não chamaríamos de caridade, mas de comercio de serviços.
Como acabamos de verificar, o animismo faz parte, digamos assim, dos mecanismos da mediunidade e de incorporação. É ele o motivador da insegurança que o médium sente quando inicia o seu desenvolvimento, deixando a dúvida de quem, se ele ou o guia, é quem estão agindo no momento da incorporação.
Fique tranquilo médium de Umbanda, a sua mediunidade é consciente e isso não caracteriza que você faça parte de algum grupo de risco. Quem está em risco na verdade, são aqueles dirigentes que insistem em não aceitar e ensinar a verdadeira missão da Umbanda e da mediunidade para os filhos de suas correntes.
O médium precisa de asas fortes para que possa evoluir através da Umbanda e para isso, suas asas precisam ser alimentadas constantemente com as energias do saber.
Pai Alberto