domingo, 3 de novembro de 2019

Casais dentro do Terreiro.

Casais dentro do Terreiro.

Quando entramos em um terreiro estamos entrando também numa comunidade religiosa, onde vamos conhecer gente nova, fazer novos círculos de amizades, e de repente dai pode surgir através dessas novas amizades, alguém especial na sua vida.
Cada dia que passa devido ao preconceito e a intolerância está se tornando cada dia mais difícil para os adeptos acharem companheiros que aceitem, entendam sua religião sem preconceitos, julgamentos e discriminações infundadas, os nossos adeptos da religião estão optando por tentar achar companheiros dentro do círculo religioso, porque vejam bem, se um rapaz conhece uma moça ou vice versa e de repente essa pessoa vem de um outro seguimento religioso mas intolerante e preconceituoso,  a pessoa quando fica sabendo sobre a religião, é na hora já fecha a cara, já desconversa, pronto já nem quer papo, simplesmente some, e isso anda realmente causando um certo desapontamento entre os adeptos. E estamos percebendo que cada dia que passa está sendo mais comum vermos casais se unindo dentro da Umbanda e a grande maioria se conhecendo dentro da religião.
A nossa religião deve ser vista como qualquer outra, como referencial de estrutura familiar e social.
Já vi inúmeros casos que por exemplo a pessoa é Umbandista, de repente se casa com uma pessoa por exemplo que de repente se torna Evangélica, os atritos começam, e podem se acirrar gravemente até chegar numa separação, ou a parte Evangélica acaba meio que obrigando a parte adepta da Umbanda,  a deixar sua fé, alegando ser em prol da família.
São situações muito complicadas, porque o médium nessas situações tem que escolher. Sempre um dos lados sai gravemente ferido. E me desculpem a franqueza hoje em dia um dos seguimentos mais intolerantes em relação a outras religiões está vindo oriundo das Igrejas Evangélicas. Infelizmente é fato. Porque eles tentam nos “converter, nos salvar”, mas serem respeitosos com a escolha religiosa de cada um é quase que impossível.
E essa rejeição, vamos colocar assim está virando uma mão de via dupla.
Já vi pessoas Umbandistas por exemplo casadas com Budistas, Ateus, Católicos, Judeus vão de vento em poupa, mas quando o outro lado é Evangélico, na grande maioria das vezes acontece a seguinte situação ou a parte Evangélica tenta converter o Umbandista ou simplesmente se separa. Isso infelizmente é um retrato do fanatismo religioso, chega a ser até uma desinteligência, porque pessoas sábias, cultas, tem respeito umas pelas outras. Dificilmente se tem o meio termo. Com raras exceções dignas de valor.
Por um outro lado, alguns  dirigentes simplesmente não concordam em ter dois médiuns namorando dentro do terreiro, acham errado, e eu fico questionando por que errado não é mesmo, sendo que em outros seguimentos religiosos a coisa mais comum é a união de pares dentro dos mesmos. E por que na Umbanda teria que ser diferente. Uma das cerimônias mais bonitas da Umbanda é o Casamento Umbandista. Muitos acham que o casal tenha que frequentar casas diferentes, eu particularmente acho que basta apenas ser passado os preceitos, fazer os ritos de forma diferenciada, onde o respeito e a individualidade de cada um seja preservada. Fora que um casal unido, participando da mesma doutrina, ritos, possuidores da  mesma Fé, tende a se tornar ainda mais forte o elo entre eles, é lindíssimo ver um casal assim, porque dali se cria uma linda família.
Certas coisas na vida de uma pessoa, não tem como prever, acontece naturalmente, por exemplo, um rapaz solteiro entra para dentro da gira, começa a ter ali novas amizades, conhecer pessoas diferentes, que comungam e gostam das mesmas coisas, as vezes no terreiro tem uma moça solteira, os dois iniciam uma amizade e de repente eles começam a perceber que surgiu ali um sentimento diferente, algo a mais. Ai pergunto porque esse casal, não pode se unir, se casar dentro da religião? não tem porque existir esse interdito. O que realmente não pode acontecer é um começar a intervir na vida espiritual do outro, quanto a isso tem que ser algo bem diferenciado, separado, tudo com muito respeito. O dirigente como sacerdote de sua comunidade religiosa tem por dever orientar o novo casal.
O que não pode acontecer é promiscuidade dentro do terreiro, tipo um médium casado, começar a se insinuar para moças solteiras, mesmo outras médiuns que também são casadas se comportarem assim. Tipo um médium casado começar a usar do terreiro como forma de meio para obtenção de casos, traições conjugais etc.
Devemos sempre ter em mente que ali é uma casa religiosa e não o boteco da esquina.
Uma outra situação que precisa-se tomar muito cuidado é quando a médium mulher começa a confundir as coisas e começa a dar em cima do pai no santo da casa, e a vice-versa também cabe, aquele médium homem que começa a dar em cima da mãe de santo da casa. Muitas vezes isso acontece devido a aproximação, a atenção, a dedicação onde a pessoa pode estar vivendo um momento mais carente e começa a misturar as coisas. Conheço sim dirigentes que conheceram seus atuais companheiros dentro do terreiro, o que não pode é o terreiro virar um meio de pegação, porque isso gera muita confusão, discórdia e intriga, desequilibrando toda egregora da casa.
Já soube infelizmente de diversos casos onde os dirigentes eram promíscuos começaram a usar de sua hierarquia, como meio convidativo, começando a dar em cima dos filhos de santo da casa, ai uma hora saia com um outra hora saia com outra, virando tudo menos uma casa séria de Umbanda.
Mas vejam bem essas situações reprováveis tem haver com caráter, idoneidade,  moral. Um dirigente sério e correto jamais se comporta dessa forma. 
Um dirigente ele tem que se dar ao respeito, ele tem um nome a zelar, e um terreiro para preservar, ELE É O EXEMPLO.
AMOR na grande maioria das vezes nasce da AMIZADE E DA ADMIRAÇÃO.

É muito chato você ficar sabendo que o dirigente já saiu com quase todas as filhas de santo da casa, ou que a mãe no santo, está dando em cima dos filhos de santo. Já soube de casos em que a mãe de santo misturou tanto os sentimentos que ela começou a controlar a vida de  um determinado filho de santo,  impedindo ele de ter uma vida amorosa, de encontrar uma namorada, ao ponto dela o seguir, fazer ameaças e chantagens. Isso é um absurdo. E  isso não é tão incomum assim, completa falta de bom senso.
O que acho muito importante ser frisado é que o casal de namorados, mesmo casais já casados, saibam separar bem as coisas, tenham discernimento que dentro de  um terreiro não é lugar para brigas, ciúmes, ficar de pegação pelos cantos, o casal pode comungar e deve comungar da mesma Fé, mas há lugar apropriado para tudo. etc.
Porque um casal pode estar dentro da mesma corrente, na mesma vibração, mas suas intimidades e vida conjugal devem ser bem separadas dentro do terreiro até mesmo para não misturar sentimentos com a vida prática do terreiro. Vou dar um exemplo: tem casais por exemplo que uma das partes, morre de ciúmes quando vê o guia do companheiro benzendo pessoas do sexo oposto, tem casos em que o ciumento nem trabalha, de tanto que quer ficar ali de olho, esses tipos de sentimentos é completamente reprovável. Já ouve casos de assédios de consulentes a médiuns de trabalho, passistas, mas quem tem que tomar as devidas providências, é os dirigentes e a ordenança da casa.
O casal trabalhando bem suas individualidades no que diz respeito ao terreiro, ao bom entendimento que cada deva ter em relação aos seus  guias e sua própria mediunidade, que um não pode ficar mexendo nas coisas dos guias do outro, que terá preceitos, respeitos quanto ao cuidar do Orixá e que cada um tem que cuidar do seu, já é meio caminho andado para tudo correr bem.
A Umbanda tem sido uma grande base estrutural para muitos casais, já perdi as contas de histórias em que o casal chega no terreiro, cheios de problemas e que após um passe, um bom aconselhamento, o casal começa a se centrar e se harmonizar.  É MUITO BONITO ESSE TRABALHO DE EVANGELIZAÇÃO CONJUGAL E FAMILIAR.
Enfim,  vamos sim construir  e formar verdadeiras famílias dentro da Umbanda, vamos aumentar os elos da nossa corrente, fazendo com que cada dia ela fique ainda mais forte.

Que mãe Iemanjá e mãe Oxum abençoe a vida de todos, ajudando a construir e fortalecer uma grande família do axé de Umbanda.
Cristina Alves
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira