quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Aeromancia


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Tempestade se aproximando
Aeromancia (do grego ἀήρ aḗr, "ar", e manteia, "divinação") é a divinação realizada pela interpretação das condições atmosféricas. Também é chamada de meteoromancia (do grego meteōron, fenômeno celeste, e manteia, divinação).

Prática[editar | editar código-fonte]

A aeromancia procura divinar o futuro através das nuvens, das correntes de ar e de eventos cosmológicos, como cometas.[3] Subtipos desta prática incluem: austromancia (divinação através do vento), ceraunoscopia (observação de trovões e relâmpagos), caomancia (visão aérea), meteormancia (divinação através de meteoros e estrelas cadentes) e nefomancia (divinação através das nuvens).[3] Em contrapartida, François de la Torre-Blanca afirma que a arte genuína envolveria a invocação de espectros no ar ou a representação do futuro em uma nuvem ou em uma lanterna mágica com o auxílio de demônios.[4] Alguns escritores, como Eliphas Lévi e Arthur Edward Waite, defendem que a observação das nuvens e dos fenômenos atmosféricos seria apenas uma forma do homem modificar sua forma de pensar, afastando-se dos assuntos mundanos e entrando em um estado contemplativo. O vidente ficaria, desta maneira, receptivo aos sinais recebidos por sua mente que normalmente são abafados pelas atribulações corriqueiras.[2]
Segundo a aeromancia, a passagem de um cometa seria o presságio da morte de um grande homem.[2]

História[editar | editar código-fonte]

O primeiro registro da palavra aeromancia ocorre em Chambers, Cycl. Supp, 1753, definida como "aquele departamento da ciência que trata da atmosfera", não tendo relação com uma forma de divinação.[1] Contudo, variações desta palavra têm sido usado por toda a história, com o exemplo mais antigo sendo da Bíblia, embora acredite-se que a prática fosse empregada pelos antigos sacerdotes babilônicos.[3][5]
Damáscio, o último dos neoplatonistas, traz um relato de nefromancia no século V d.C., durante o reino de Leão I, o Trácio:
Assim, é possível encontrar uma mulher nos dias de Leão, o imperador romano, cujo conhecimento não era devido ao sentido da audição ou às antigas práticas, [mas] pela arte da divinação através das nuvens. A mulher veio de Egas, na Cilícia, sendo oriunda da família dos Orestíadas que habitam na montanha em Comana, na Capadócia. Sua família vem do Peloponeso. Ela dirigiu seus pensamentos a um homem a quem foi confiado um comando militar enviado com outros para a guerra contra os vândalos na Sicília. Ela orou para prever o futuro através de sonhos e orou voltada para o sol nascente. Seu pai lhe recomendou e ordenou em um sonho que orasse voltada para o ocidente. Quando ela orou, uma nuvem do ar superior ficou ao redor do sol, ampliou-se e tomou a forma de um homem. Outra nuvem se separou, ficou do mesmo tamanho e tomou a forma de um leão selvagem, que se enfureceu e, formando um grande abismo, o leão engoliu o homem. A forma humana feita de nuvens era semelhante à de um gótico. Um pouco mais sobre as aparições; então, o próprio imperador Leão matou Aspar, líder dos góticos (em Constantinopla) e seus filhos. Desde aquela época, Anthusa continuou até agora, sem interrupção, a praticar o costume da previsão mântica através das nuvens.[6]

Influência cultural[editar | editar código-fonte]

A aeromancia é citada em Deuteronômio 18, sendo condenada por Moisés.[5] Ela também é condenada por Alberto Magno em Speculum Astronomiae, que descreve a prática como uma derivação da necromancia.[7] A prática foi desacreditada pela análise cética de Luis de Valladolid em sua obra Historia de vita et doctrina Alberti Magni, de 1889.[8]
Na magia renascentista, a aeromancia era classificada como uma das sete "artes proibidas", junto com a necromancia, a geomancia, a hidromancia, a piromancia, a quiromancia e a escapulomancia