sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Runas

As runas são letras características, usadas para escrever nas línguas germânicas da Europa do Norte, sobretudo Escandináviailhas Britânicas e Alemanha (regiões habitadas pelos povos germânicos) desde o século II ao XI. Tais caracteres têm sido encontrados em pedras rúnicas, e em menor número em ossos e peças de madeira, assim como em pergaminhos e placas metálicas.[2][3][4][5][6][7]
Fehu fUruz uÞurisaz þAnsuz aRaido rKaunan kGebo gWunjo w
Haglaz hNaudiz nIsaz iJeran jEihwaz ïPerþo pAlgiz zSowilo s
Tiwaz tBerkanan bEhwaz eMannaz mLaukaz lIngwaz ŋDagaz dOþalan o
As inscrições rúnicas mais antigas datam de cerca do ano 150. O alfabeto rúnico foi sucessivamente substituído pelo alfabeto latino, com o avanço do cristianismo na Europa Central, no século VI, e na Escandinávia, no século XI.[4] O alfabeto rúnico germânico primitivo tinha 24 runas, e era usado nas atuais AlemanhaDinamarca e Suécia, desde a época inicial. A lista ordenada das runas é conhecida como Futhark antigo (devido às suas primeiras seis letras serem 'F', 'U' 'Th', 'A', 'R', e 'K' - ᚠᚢᚦᚨᚱᚴ), e foi usada até à Idade Média.[8]
Alfabeto rúnico, na Pedra de Klyver, datada de 400
Na Escandinávia - Dinamarca, Suécia e Noruega, as inscrições mais antigas que se conhecem, usavam esses 24 caracteres, tendo todavia esse alfabeto inicial sido sucessivamente reduzido a apenas 16 caracteres - o Futhark recente, também conhecido como "runas escandinavas".[9]
Runen nordisch.jpg
A versão anglo-saxónica, com 28 caracteres, é conhecida como Futhorc (um nome também com origem nas primeiras letras deste alfabeto).[10]
Beagnoth Seax Futhorc.jpg
Contudo, o uso de runas persistiu para propósitos especializados, principalmente na província histórica sueca de Dalarna até ao início do século XIX (usado principalmente para decoração e em calendários rúnicos). [11][12] Além do alfabeto, a cultura germânica antiga possuía um calendário rúnico, cujo ano se iniciava no dia 29 de junho, representado pela runa Feob.[carece de fontes]

Runemal[editar | editar código-fonte]

Runemal era a arte do uso de alfabetos rúnicos para obter respostas, como um oráculo, instrumento usado pelos iniciados nesta arte desde o pré-cristianismo para o auto-conhecimento. Arte denominada de pagã pelo cristianismo. [13]

Origem Mitológica das Runas[editar | editar código-fonte]

Contam as lendas víkings que os deuses moravam em Asgard, um lugar localizado no topo de Igdrasil, a Árvore que sustenta os nove mundos. Nesta árvore, o deus Odin conheceu a sua maior provação e descobriu o mistério da sabedoria: as Runas. Alguns versos da Edda poética, um livro de poemas compostos entre os séculos IX e XIII, contam esta aventura de Odin em algumas de suas estrofes:[14]
Esta é a criação mítica das Runas, na qual o sacrifício de Odin (que logo depois foi ressuscitado por magia) trouxe para a humanidade essa escrita alfabética antiga, cujas letras possuíam nomes significativos e sons também significativos, e que eram utilizadas na poesia, nas inscrições e nas adivinhações, mas que nunca chegaram a ser uma língua falada.[15]

Transliteração do alfabeto rúnico[editar | editar código-fonte]

RúnicoLatino
ComplexoSimplificado
FF
VV
UU
ƦYr
YY
WW
ÞTH
ÐD
AA
ÔO
ÂA
ŌO
ŎO
ÓO
ŒŒ
RR
K
KK
GG
ŊNG
ĜG
ǷW
HH
ĤH
ȞH
H
NN
ŅN
N
II
EE
JJ
ǢÆ
ĂA
Æ
Æ
PP
Z
SS
ŠS
ŞS
CC
ZZ
TT
ŢT
DD
BB
B
P
P
ÊE
MM
M
M
LL
ĿL
NᵍNG
N̂ᵍNG
D
ÒO
IORIOR
Ʀ̌
Ʀ̧
Ʀ̂
QQ
XX
..
:
:

Referências

  1.  Haugen, Odd Einar (2013). Den eldre futharken [O Futhark antigo]. Handbok i norrøn filologi (em norueguês). Bergen: Fagbokforlaget. p. 135. 797 páginas. ISBN 978-82-450-1109-8
  2.  Magnusson 2004, p. 76.
  3.  NU 2008, p. 1097.
  4. ↑ Ir para:a b Miranda 2007, p. 833.
  5.  Muceniecks 2014, p. 5-10.
  6.  Renan M. Birro (2014). «Uma brevíssima introdução sobre as runas e o estudo das runas»Fato & Versões (2). ISSN 1983-1293. Consultado em 21 de fevereiro de 2019
  7.  «Så läser du runor (Como ler as runas (em sueco). Igreja da Suécia – Svenska kyrkan. Consultado em 14 de março de 2019
  8.  Haugen, Odd Einar (2013). Den eldre futharken [O Futhark antigo]. Handbok i norrøn filologi (em norueguês). Bergen: Fagbokforlaget. p. 138. 797 páginas. ISBN 978-82-450-1109-8
  9.  Haugen, Odd Einar (2013). Den yngre futharken [O Futhark recente]. Handbok i norrøn filologi (em norueguês). Bergen: Fagbokforlaget. p. 154. 797 páginas. ISBN 978-82-450-1109-8
  10.  Jaan Puhvel. «Epigraphy» (em inglês). Encyclopædia Britannica (Enciclopédia Britânica). Consultado em 13 de março de 2019
  11.  «Runor efter vikingatiden - Vad är dalrunor? (As runas depois da Era dos Vikings - O que são as runas dalecarlianas? (em sueco). Riksantivarieämbetet (Autoridade Nacional da Herança Cultural (Suécia)). Consultado em 14 de março de 2019
  12.  «Dalrunor (Runas dalecarlianas (em sueco). Nationalencyklopedin (Enciclopédia Nacional Sueca). Consultado em 14 de março de 2019
  13.  Ralph Blum. «1. O oráculo do eu» (PDF)O livro de runas. Consultado em 18 de março de 2019
  14.  Stålbom 1994, p. 14-18.
  15.  Ralph Blum. «2. O ressurgimento das runas» (PDF)O livro de runas. Consultado em 18 de março de 2019

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Stålbom, Göran (1994). «Myten om runornas ursprung (Mito da origem da runas)». Runristningar (em sueco). Estocolmo: Fabel förlag. 206 páginas. ISBN 91 7842 1705