segunda-feira, 4 de junho de 2018

ENERGIA: MOEDA UNIVERSAL

Não existe sequer um processo que ocorra no Cosmos que não esteja envolvido algum aspecto de manifestação de energia. Por isso podemos dizer que ela é causa, talvez a única, que motiva todos os propósitos da existência, quer se trate do lado físico, quer psíquico, emocional, ou abstrato. 

Por tudo isso, podemos compará-la a uma forma de “moeda universal” com a qual tudo pode ser adquirido no Cosmos, pois que nele tudo é elaborado a partir dela. No mundo da ilusão tudo pode ser conseguido desde que haja suficiente índice energético. Na verdade é a energia o que dá suporte às manifestações do universo. 

A energia é um dos sete aspectos de Deus, portanto ela é uma meta a ser conquistada, mesmo que ela seja algo inerente à própria natureza dos seres. A volta à unicidade passa pela reintegração à energia, aliás, que nunca esteve separada. Antes da reintegração ao Todo a eliminação da ilusão da separatividade tem que ser desfeita. 

Na medida em que os grilhões da mente vão sendo eliminados se chega ao momento em que o ser, antes de se sentir como o Ser, se sentirá integrado ao todo energético do universo, por ser parte de Sua natureza. 

Na ilusão do Mundo Imanente – Mundo de Maya - Deus se apresenta como se existissem em sete aspectos – níveis – de manifestação, sendo a energia um deles. Assim, o ser humano que vivencia o nível da matéria densa, para chegar à Unicidade tem que passar por todos os demais níveis até que a ilusão tenha sido desfeita. 

No Absoluto não há níveis, pois nele só existe a unicidade. Deus, portanto, não tem níveis, a mente é quem os cria dentro do contexto do Mundo Imanente. 

Podemos dizer que de baixo para cima existem níveis – formas de o limitado entender o ilimitado – mas não de cima para baixo. O Todo pode “ver” as partes, mas a “parte” não pode ver o Todo, e por isso é que o ser humano percebe Deus como algo acima, fracionado e separado dele, mas Deus – o Ser – “vê” os seres como partes de si mesmo, ou melhor, como Ele mesmo. 

A energia constitui um dos níveis aparentes de Deus, uma etapa a ser vencida no processo da eliminação da ilusão da existência como seres, pois que, na verdade, o ser tem que sentir a energia não como algo separado de si. Para tanto é muito importante o ser buscar a energia até que um dia se sinta integrado à ela e não como algo a ser incorporado. 

Como a integração da condição de Ser depende da Mente, e sendo esta limitada, então o ser busca formas de conseguir a energia como se fosse parcelada, não importando de que modo o faça. 

Na verdade seria ótimo se ele buscasse sentir a própria energia, mas na prática o que ele busca é exatamente o inverso, integrar a energia a si, configurando assim um processo egoístico, individualista, e o modo como isso é feito, em vez de unificar ele diversifica; em vez de unir, separa, mesmo que tudo isso seja altamente ilusório. 

Tudo no mundo, direta ou indiretamente, gira em torno de interação de energia, pois no fundo é isso o que interessa não só aos seres humanos, mas a todas as expressões de existência no Cosmos. Essa busca de energia, em síntese, é a busca do retorno ao estado energético da manifestação do Ser, mas no geral é uma luta de conquista. 

Buscar energia é buscar a volta à condição de Ser, movido pela força de integração Cósmica, destruição da ilusão de divisibilidade, mas acontece que isso é feito de forma errada, pois o ser não busca sentir a energia como sendo parte de si – energia em si –, mas incorporar a energia vindo de fora, como se ela não fosse apenas um aspecto de sua própria natureza. 

As religiões quase não falam da energia em nível Cósmico, elas não falam de tudo o que compõe o corpo doutrinário a que se propuseram, apenas se baseam em pecados, culpas e condenações. Todas as religiões falam das maldades de satanás ou equivalentes, das maquinações maquiavélicas dele visando conquistar as pessoas. Por que ele deseja conquistar as almas, o que ele vai fazer com elas? Que utilidade elas têm? Segundo o pensamento religioso no final de tudo isso restaria uma incomensurável legião de almas condenadas pela eternidade. 

Num sentido oposto, o mesmo se pode dizer de Deus dualístico; o que Ele ganha com a conquista das almas, o que fará com elas, que utilidades elas têm para Ele? - Uma incomensurável legião de almas sem qualquer utilidade que possamos entender. Seria somente para ficarem por toda a eternidade simplesmente cantando hinos de louvores? E nisso onde fica o tédio? Ou seria para mostrar que venceu? Como aceitar um deus de disputa, um deus atuando em competição com outro poder? Onde entá a Perfeição Divina? 

Não é assim a maneira como o unista entende, não é assim o pensamento unistico quando ensina que no final – se é que existe final – tudo volta à Unicidade, ao Um que é o próprio Deus. Nem sequer afirma que existe volta ao Um e sim que existe a ilusão de separação que precisa ser eliminada. 

Não existe luta de conquista encetada pelo satanás ou por Deus, o que existe é a dissipação dos véus que envolvem a mente, que fazem com que cada ser esqueça quem ele é na essência. 

Os sete níveis de Deus conforme a mente humanizada entende, um deles é o da energia, daquilo que estrutura tudo quanto existe, e que é sentido ilusoriamente como concretitude ou como abstração. 

Tudo no universo visa conquistas, ou transferências de energia, mas isso não é uma determinação de Deus, e sim uma forma de Sua manifestação, algo como um bulício no seio da própria energia. Ela é una, não existem duas, mas mente divisionária aparentemente divide a energia, fazendo com que ela se pareça múltipla e assim a mente joga com partes, faz com que pareça haver uma integração, interferências energéticas e coisas assim. Faz com que num nível superior – nível mental – existam corpos energéticos independentes, quando na realidade tudo são manifestações desse aspecto de Deus. 

Não negamos que existam interações energéticas e tudo o que a ciência preconiza, mas o Unismo diz que isso é apenas um jogo de partes mentalmente criadas, desde que diante de um universo mental, isso quer dizer que tudo aquilo que é percebível ou entendível pela mente humana fracionada, se trata apenas de aparências quando é “visto” do “É”. 

Temos que convir, ainda estamos distantes de nos sentirmos integrados ao Um, estamos integrados a um nível de percepção em que a energia parece ser algo distinto, algo que existe fora e nos levando a pensar que ela é uma coisa exterior ao contexto da natureza do ser, a algo distinto da nossa natureza divina intrínseca. 

Nenhum aspecto de Deus está parado quando em manifestação, tudo se movimenta porque o movimento é um dos esteios da ilusão, do existir fora da Unicidade. 

Assim podemos dizer que a energia se movimenta, que nela existe um inconcebível bulício, mas isso faz parte do perceber fracionadamente, pois se nos fosse dado perceber em totalidade a energia não teria movimento algum. 

Todas as interações de energia são movimentos, são reais dentro dos limites da Imanência, portanto, condições de percepção criadas pela Mente. Mas acontece que o ser, limitado, vê em tudo quanto existe e na energia em particular, um estado de descontinuidade em que uma parte vive querendo se apossar da outra, formalizando a luta tremenda do existir no descontinuo. 

A condição de existir como descontinuidade faz com que a pessoa se sinta separada da energia, porque ela ainda se sente separada de Deus. Se formos seres que se sentem separados um dos outros, e também da energia, e como energia é o combustível de todas as atividades, então se entende porque a vida se resume a uma luta de conquista de energia, ou seja, a uma peleja de captação energética, um adquirir energia, e o que é pior, fazer isso de uma forma egoística, mantendo viva a idéia se separação da pessoa com o “É”. 
(José Laercio do Egito-FRC)