quarta-feira, 21 de março de 2018

Taro Receptividade: praticar e conferir.

O exercício de pensar simbolicamente não é cultivado no sistema escolar moderno. Pelo contrário, é desestimulado. Desse modo, não precisamos nos sentir desmoralizados ou impacientes diante de nossa dificuldade inicial para “ler” as cartas do Tarô. O caminho é exercitar e praticar leituras, para si mesmo ou para amigos interessados.
A vantagem de praticar entre os amigos é que não precisamos dar banca de adivinhos. Aliás, por mais atraente que seja a arte oracular, o Tarô vai além.
Entre amigos podemos pensar juntos o significado das combinações das cartas, trabalho que pode ser resolvido pela inteligência e pela prática. Podemos consultar o que dizem os manuais, discutir, pensar, interpretar. É importante também registrar as impressões de conjunto, intuições, vislumbres, lampejos. E depois esperar que os fatos comprovem ou corrijam o que entendemos. Esse caminho prático é seguro e confiável. Podemos  aprender com os fatos, sem pretensas adivinhações.

Nunca é demais repetir: não existem regras absolutas para o Tarô. Tal como acontece com os jogos de cartas para o lazer – buraco, tranca, truco, mico, rouba-montinho e por aí afora… – são os participantes que combinam entre si as regras e suas variações, se utilizam todas as cartas do maço ou apenas parte, se jogam com um maço de baralhos ou com dois. O importante é    experimentar e verificar, por conta própria, o que faz mais sentido para cada momento de prática e de estudo.

Detalhes: 
Na prática, vemos tarólogos e cartomantes dando importância a muitos detalhes que podemos acolher, mas que não precisamos tomar como leis ou dogmas.
Vejamos alguns desses pontos, que cada um levará em conta, ou não, de acordo com seu temperamento e disposições. A sugestão é a de experimentarmos as alternativas e escolhermos as que correspondem melhor ao nosso feitio. Esses procedimentos constituem meros registros do que acontece na prática e não são dogmas ou ritos obrigatórios.
Toalha.
Muitos guardam um pano próprio ou toalha especial sobre o qual abrem as cartas. Tecidos lisos e de cores escuras têm a vantagem de dar destaque às cartas, que são o centro do interesse. Se quizer utilizar uma toalha, que cada um faça a  escolha como bem entender.
Embaralhar.
Igualmente não existem regras absolutas. Muitos praticantes pedem que o cliente embaralhe as cartas para deixar sua vibração ou, em outros termos, para se que “fiquem donos” das cartas.
Outros pedem simplesmente que o consulente pouse as mãos sobre
as lâminas, para passar sua energia.
Existem ainda aqueles profissionais que embaralham as cartas cuidadosamente, eles próprios, e pedem apenas para o cliente cortar. A razão de tal procedimento em muitos casos nada tem de esotérico: é um simples recurso para que as cartas não se machuquem em mãos inábeis.
Corte.É muito comum que o conselheiro ou cartomante peça que o cliente “corte o maço”, ou seja, divida em dois ou três montes. Alguns recomendam que seja com a mão esquerda, outros com a direita. Sejam quais forem os procedimentos, pode ser interessante atribuir uma função para a carta de corte na leitura, por exemplo, para indicar o “cenário geral” da questão ou seu “pano de fundo” ou qualquer outra função tida como significativa pelo operador.
Sorteio das cartas.
Alguns praticantes pedem apenas que o cliente “corte” o maço e eles próprios deitam as cartas que serão lidas durante a consulta. Outros fazem questão de que as cartas da tiragem sejam escolhidas pelo próprio cliente.
Cartas invertidas
 É relativamente freqüente atribuir um sentido negativo às cartas que saem de cabeça para baixo. Nesse caso, o embaralhamento deve ser feito rolando as cartas sobre a mesa, para garantir a alternância de posição. Uma mesma carta pode sair direita ou invertida dependendo de o praticante “abrir” a carta girando-a no eixo vertical ou horizontal. Por essa razão é indispensável que cada um defina seu próprio código pessoal, caso queira levar em conta o fato de a carta sair em pé
ou de cabeça para baixo.
Muitos tarólogos preferem trabalhar com todas as cartas diretas, sem deixá-las invertidas. Desse modo, quando querem saber os aspectos difíceis ou negativos de uma
questão, simplesmente tiram uma carta para descrever tal aspecto.
Momento de abrir (ou virar) as cartas sorteadas.
O usual é sortear ou escolher as cartas pelo verso, com os desenhos ocultos. Alguns sorteiam de uma só vez todas as cartas que utilizarão; outros preferem ir retirando uma a uma, tornando o desenho visível e fazendo os comentários pertinentes; só ao final, fazem uma síntese do conjunto.
Voltada para leitor.
A maior parte dos praticantes arrumam as cartas viradas si e não para o cliente. Na verdade, é o leitor que deve receber as impressões diretas do arranjo sobre o qual fará sua apreciação. Nada impede, porém, quer numa situação de consulta profissional, quer numa prática terapêutica ou de estudo entre amigos, que as cartas sejam tocadas e examinadas de perto pelos envolvidos na consulta.

Aplicações criativas do Tarô
LINHA DA VIDA
É sempre bom lembrar que o Tarô tem utilizações muito mais amplas que as costumeiras tiragens para as leituras da sorte na cartomancia.
Um bom exemplo de aplicação do Tarô com propósito de compreender a expressão do indivíduo em sua vida é o da Linha da Vida, sugere um particular sistema numerológico para encontrar os 
cinco arcanos que representam a vida de uma pessoa.
Apesar dos reparos que podem ser feitos quanto a certos aspectos técnicos do modelo sugerido para a Linha da Vida (os valores numéricos atribuídos às letras; a exclusão do sobrenome materno) ela pode revelar uma certa dinâmica existencial.
Do ponto de vista pedagógico, a Linha da Vida tem se mostrado uma bela fonte de exercício para estudantes do Tarô, principalmente quando praticado em grupo, para desenvolver o pensar simbólico, sem aprisionar o estudante às adivinhações. Essa é a opinião de quem
utiliza, há anos, a Linha da Vida para estimular o envolvimento dos participantes dos cursos básicos sobre os Arcanos Maiores.
Uma sugestão que tem se mostrado útil é a de incluir no cálculo o sobrenome da mãe. É importante experimentar variações como prática viva com os símbolos.
Além da apresentação dos aspectos técnicos, a  descrição de um pequeno ritual que utilizam para trabalhar as cartas da Linha da Vida nas noites dos solstícios de inverno e de verão (simbolicamente, dias de São João).
O Cálculo da Linha da Vida
Os quatro primeiros ar canos do Tarô, cálculados para descrever a Linha da Vida,
correspondem, para cada indivíduo:
(1) à sua personalidade,
(2) ao seu meio de nascimento,
(3) às metas às quais pode aspirar e
(4) à reflexão, quando chegar à maturidade, de tudo o que viveu anteriormente.
quinto arcano, que resulta da soma dos valores dos quatro primeiros, representa o cumprimento de todos os dons recebidos.
O conhecimento destas etapas, no caminho de nossa vida, permitirá tirar maior proveito da existência. É certo que não podemos evitar as dificuldades, mas devemos trabalhar de tal forma que elas nos sirvam de experiência. O sentido desses arcanos será tríplice: físico, mental e metafísico.
Nosso nome de nascimento ressoa como um poder vibrante e é utilizado por muitas tradições.
Para calcular a linha da vida tomaremos o nome, o sobrenome do pai
e o ano em que viemos ao mundo. No caso de mulheres casadas se utiliza onome
de solteiras
. Um pseudônimo pode ser também empregado, mas apenas no que diz respeito à profissão para o qual foi escolhido.
Esse cálculo foi uma das revelações de minha avó.
Alguns autores chamam essa numeração do alfabeto com “roda de Pitágoras”.
Tabela dos valores da letras: “A Roda de Pitágoras”
A =
1
H =
28
O =
8
V =
9
B =
2
I =
15
P =
77
W =
9
C =
4
J =
15
Q =
27
X =
13
D =
5
K =
8
R =
11
Y =
50
E =
3
L =
21
S =
20
Z =
70
F =
8
M =
19
T =
6
G =
10
N =
26
U =
9
A tradição atribui essa correspondência numérica a épocas muito antigas e sua transmissão se realizou, portanto, boca a boca. A primeira informação escrita encontramos através e um livro de M. Lenormand, a célebre vidente. De onde ela
obteve esse alfabeto? É um mistério a mais na história dessa mulher surpreendente. Georges Saint-Bonnet, curador e sábio de nossa época, também usava este sistema numérico que, segundo ele, provinha dos Rosa-cruzes.
A lei do silêncio parece encobrir sua verdadeira origem, já que minha avó, por sua parte, sempre negou revelar suas fontes. Ela também   chegou a mencionar os Rosa-cruzes, mas sem precisar mais nada.
Nota sobre a “Roda de Pitágoras”: M. Lernormand atribui o valor 16 à letra K, enquanto que Saint-Bonnet atribui 8. Durante anos trabalhamos este sistema, com centenas de nomes célebres do passado, conhecidos por suas obras ou por suas vidas, utilizando as duas notações. A que transcrevemos aqui (K = 8) é a que nos proporcionou os resultados mais satisfatórios.

Relação numérica dos 22 Arcanos Maiores
   1. O Mago
   2.  A Papisa   
   3. A Imperatriz
   4. O Imperador   
   5. O Papa
   6. Os Namorados   
   7. O Carro
   8. A Justiça  
   9.O Eremita
  10.A Roda da Fortuna   
  11.A Força
  12.O Pendurado  
  13.Sem Nome
  14.A Temperança   
  15.O Diabo
  16.A Casa de Deus (Torre)   
  17.A Estrela
  18.A Lua   
  19.O Sol
  20.O Julgamento  
  21.O Mundo
  Sem nº:O Louco (0 ou 22)

Um exemplo de cálculo
Vejamos agora um exemplo para explicar o sistema de cálculo:
Marie Demaison, nascida em 1935.
1º – Substituímos cada uma das letras do nome e sobrenome pelo valor correspondente: M = 19A = 1R = 11I = 15E = 3, e assim por diante. A soma do nome é 49 e a do sobrenome 97.
Reunindo os dois resultados obtemos: 49 + 97 = 146.
A seguir, fazemos a redução teosófica, ou seja: 1 + 4 + 6 = 11.Este será o primeiro arcano da linha da vida de Marie Demaison: A Força
(Para saber qual carta corresponde a cada número, veja a tabela, acima,Relação numérica dos 22 Arcanos Maiores).

No caso de resultado superior a 22 será necessário continuar reduzindo o
número pelo sistema teosófico. (Veja exceção abaixo)
 – Tomamos o ano de nascimento e o reduzimos: 1 + 9 + 3 + 5 = 18. Isso dará o segundo arcano: a Lua. (Se a soma for superior a 22, veja abaixo a Exceção 1ª).

3º – Efetuamos a redução do segundo resultado para obter o terceiro: 1 + 8 = 9, que é o Eremita.
(Veja exceção abaixo)

4º – A operação seguinte consiste em somar o primeiro arcano ao terceiro11 + 9 = 20, o Julgamento. Se o número for maior que 22 recorremos à redução teosófica.

– Finalmente, somamos os valores dos quatro arcanos obtidos: 11 + 18 + 9 + 20 = 58, que reduzido, 5 + 8 = 13, corresponde à quinta carta da linha da vida o Arcano Sem Nome.
Exceções na redução do ano e no valor 22
– Se a redução do ano de nascimento (como é o caso de 1986, 1+9+8+6 =24), for superior a 22 é necessário fazer mais uma redução teosófica para encontrar o segundo arcano, ou seja: 2 + 4 = 6. Quando isso acontecer, obteremos o terceiro arcano acrescentando o mês de nascimento.
Neste caso, para obter o 4º quarto arcano, somaremos o valor da segunda e não o da terceira carta.
 – Se uma redução der 22, o arcano respectivo será o Louco. Caso se encontre na segunda posição, (a do ano de nascimento), daremos o valor quatro à terceira (22 -> 2 + 2 = 4). Porém, na soma para obter a quinta carta, atribuímos valor zero para segunda carta.
O papel de cada carta
São as seguintes as significações dos Arcanos na Linha da Vida:1º – representa nossa personalidade, os dons físicos e morais e tudo o que nos foi concedido por nascimento.
2º – relaciona-se ao ambiente familiar, à época em que viemos ao mundo e às vantagens e dificuldades que esse meio irá proporcionar.
 – nos mostra as metas que podemos esperar e a evolução do nosso caráter
até chegar a idade adulta; indica também o caminho escolhido.
 – corresponde à realização, à opinião de si mesmo na maturidade e o olhar retrospectivo sobre nossa vida até então.
 – se vincula à reencarnação, ao cumprimento dos fins específicos de nossa vida, sempre e quando tenhamos trabalhado de forma constante para chegar a isso.
Em resumo, esta existência tomada como exemplo será suficientemente agitada e violenta, e estará em relação com lutas de natureza social, em diferentes períodos da vida. As provas se acontecerão do final do trajeto têm a ver, fundamentalmente, com o aspecto espiritual.
Meditações
Para atravessar as diferentes etapas de sua existência, o consulente deverá se apoiar sobre dos dons dos quatro primeiros arcanos. O tempo de transcurso de um período ao outro pode variar. Aqui, o tempo não é um fator importante. Mas cada arcano continuará influenciado sua vida, até que sua lição tenha sido assimilada.
É preciso interpretar primeiro cada carta em separado, para passar em seguida
às relações existentes entre elas. Os arcanos podem ser complementares ou também opostos. Finalmente, é necessário relacionar o primeiro ao quinto, já que o estudo de suas semelhanças e diferença poder dar frutos muito importantes.
Se numa linha da vida se repetem duas vezes o mesmo arcano, o consulente deverá considerar dois níveis desta cara: o físico e o mental.
Estar alerta e tratar de compreender todos os ensinamentos desse arcano o levará a uma melhor realização de si mesmo. Recusá-los, significará insucesso.
Uma pessoa pode ter repetido três vezes um mesmo arcano em sua linha da
vida e isso pode ser favorável ou, bem ao contrário, pode constituir um obstáculo que terá que ultrapassar.
Mas, seja como for, essa tríplice representação marca sempre um destino fora do comum. No caso de duas cartas idênticas é mais comum e assinala, em geral, um esforço para ser realizado sobre dois planos: o físico e mental.
Um estudo muito interessante pode ser feito a partir dos nomes e sobrenomes de outros membros de nossa família. Por exemplo, pode acontecer que alguém calcule a linha da vida de sua avó e encontre que a primeira posição corresponde ao Imperador, enquanto que para ela própria, que faz o cálculo, este  mesmo arcano se encontre na quinta posição. Isso pode ser interpretado como uma forma de destino familiar ou como uma mensagem que se transmite de uma pessoa à outra, estando a última delas em linha obrigatória de cumprir o recado dado.

Há duas meditações que podem ser feitas com os cinco arcanos de nossa linha da vida: a primeira durante oSão João de inverno, no dia 27 de dezembro (no hemisfério norte) e, a segunda, no São João de verão, no dia 21 de junho (no hemisfério norte).
Na noite mais longa do ano, que simboliza nosso afastamento da luz espiritual, os iniciados meditam, pois foi ensinado que a inspiração desce sobre aquele que pede quando mergulhado na mais profunda obscuridade noturna. Dispõe-se as cinco cartas sobre um pano:  as quatro primeiras formando um a linha e a última abaixo  delas. Nos detemos em cada uma delas, pela ordem, e uma oração
pode ser proferida. Depois, misturam-se as cinco cartas, que são colocadas viradas sobre o pano, com o objetivo de ser escolhida uma delas. A carta escolhida será como que uma mensagem sobre a qual deveremos meditar.
Para o São João do verão podemos proceder da mesma maneira, contemplando as quatro cartas iniciais e fazendo uma oração.
Em seguida, nos concentramos sobre a quinta carta. A noite de São João de verão é a mais curta do ano e é um símbolos das realizações que foram meditadas ou planejadas durante o inverno e executadas na primavera. Durante este período contamos com a ajuda de força invisíveis