terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A Arte das Rezas Antigas, Benzimentos e Benzeduras

“Deus foi quem te fez.
Deus foi quem te Criou. 
Deus é quem te cura.” 
Versos comuns em rezas usadas por vários rezadores

Tenho o objetivo de escrever algumas postagens ensinando benzimentos, estando desde já criado um marcador especialmente para tal fim. Entretanto, antes de entrar na parte prática, como este blog também é voltado para a teoria, falarei um pouco sobre a teoria das rezas e benzeduras. Decidi usar perguntas e respostas por achar uma forma bastante didática de expor o assunto.

  1. O que são rezas e benzimentos?


São orações, acompanhadas de certos elementos rituais (como o uso de ramos, águas agulhas e etc) voltados a invocar a energia divina para agir sobre determinado alvo. Poderia ser feita uma separação, as rezas serem apenas orações e os benzimentos serem acompanhados de elementos rituais, porém, pessoalmente acho a separação sem sentido prático uma vez que o princípio ativo, a fé, é o mesmo.

  1. Qual a origem das rezas e benzimentos?

As rezas e benzimentos praticadas no Brasil são uma mistura de antigas tradições de Portugal, dos indígenas locais e dos negros. Mas se formos vasculhar a história, acharemos vestígios dessas práticas em sociedades bem antigas, que já usavam as mesmas plantas que os rezadores usavam, assim como também invocavam os poderes divinos para fins de cura. Considerando serem as tradições xamânicas as manifestações mais antigas de espiritualidade dos povos primitivos e que usavam rezas, plantas e outros elementos naturais para evocar energias do mundo espiritual para tratar males do corpo, da mente e do espírito, podemos dizer que os benzimentos possuem uma raíz muito antiga, se adaptando à realidade de cada sociedade no decorrer da história.

  1. Porque recorrer a benzimentos?


Estamos cercados o tempo todo por energias, sejam boas ou ruins e não podemos escapar à ação dessas energias. Um energia negativa pode afetar nosso bem estar emocional ou mental e chegar até mesmo a produzir efeitos físicos. Se você acredita na realidade espiritual, não pode negar que as energias dessa outra realidade podem nos influenciar negativamente. Portanto, precisamos de armas para nos defender de tais influencias negativas. E porque iríamos nos negar a ter acesso a um instrumento de defesa tão antigo que as forças superiores disponibilizam?

  1. Como um benzimento funciona?


Energias ruins afetam as pessoas, e isso é um fato. Elas nos afetam porque isso é a ordem natural no mundo em que vivemos, mas podemos superar isso nos apegando a energias boas. Um destes caminhos é a fé. Ao pedir com fé que a piedade divina aja sobre uma pessoa, você será ouvido. Vai depender não só da fé do rezador, mas a fé do paciente e o merecimento. Um problema de origem cármica, pelo qual a pessoa tem que necessariamente passar, não irá sumir com uma simples reza, mas a reza em si alivia o próprio carma, e portando sempre irá fazer bem.

  1. Como se tornar um rezador/benzedeiro?


É muito mais simples do que a grande maioria das pessoas pensa. Eu disse simples, e não fácil. O único elemento de que você precisa é de fé. Coloque a fé nas palavras que dirige para o alto e você estará realizando um benzimento. Você precisa acreditar no que está fazendo, confiar na providência divina. E não procure ver se os benzimentos foram efetivos, não se apegue a isso. Deus sabe quem deve ser ou não curado e devemos confiar em sua sapiência. Assim como o rezador usa o ramo, Deus usa o rezador para transmitir ao mundo a sua piedade infinita.

Em postagens futuras vamos alargar nosso conhecimento sobre benzimentos, falando de coisas como o papel dos ramos de diferentes plantas. Por fim, deixo abaixo um documentário disponível no Youtube sobre rezadeiras do Nordeste que se chama O RAMO. É um documentário muito bom que mostra a realidade de várias rezadeiras idosas e dá uma ideia muito boa de como é a prática e o estado de espírito necessário para se tornar um rezador. Muitas dessas rezadeiras levarão para o túmulo os seus conhecimentos por falta de interessados em aprender a arte. Não deixemos uma herança cultural, religiosa e mágica tão rica se perder.

O Ramo – Parte 1





O Ramo – Parte 2






O Ramo – Parte 3